Prefácio

A criação deste blog deve-se, primeiro, ao Dictionnaire des idées reçues, de Gustave Flaubert, escrito como parte do incompleto Bouvard et Pécuchet, e, segundo, ao Dicionário das ideias feitas em educação, organizado por Sandra Mara Corazza (professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e Julio Groppa Aquino (professor da Universidade de São Paulo), a partir da ideia lançada por Flaubert. Diferentemente dessas duas inspirações, este blog não tem a estrutura alfabética de um dicionário, e nem de perto a mesma sutileza; mas é guiado pela atualidade mundana do futebol. Ainda que as duas inspirações também partam da mundanidade, atingem verdades superiores. Já este blog busca, tão somente, apropriar-se das ideias já prontas para dar-lhes um novo sentido ou uma nova explicação.

As ideias feitas do futebol (entendidas como lugares-comuns, clichês e/ou chavões usados, sobretudo, pela crônica esportiva) constituem a matéria deste blog; matéria essa constituída por ideias que, apesar de terem sido inventadas, parece que se esqueceram disso, e, justamente por essa razão, apresentam-se como verdades fáceis, incapazes de provocarem o pensamento.

As ideias feitas não tangem a consistência deste blog; mas a matéria. Isso significa que elas se constituem nos pontos de partidas de cada seção (por isso, cada seção tem como título a própria ideia feita). E isso também significa que não se trata de negar as ideias vindas do senso comum (sobretudo, da crônica esportiva), mas de lidar com elas; fazê-las variar, já que, por hábito, os envolvidos preferem conservá-las.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Fulano não é mais o mesmo!

Tenho a impressão de que a opinião pública (incluindo, claro, a da imprensa esportiva) cumpre um ciclo vicioso. Após elogios entusiásticos dirigidos, especificamente, ao futebol de um jogador, a tendência é a de argumentações céticas. Parece-me que a opinião pública deveria levar em consideração, de modo pressuposto, que um jogador não faria cerca de quarenta gols por ano em duas temporadas consecutivas, bastando observar que isso nunca acontece (ou raramente na história) no futebol brasileiro. Isso significa que toda essa problemática envolvendo o futebol do Damião não é justa com o jogador; seria se ele estivesse jogando mal*, o que, por ora, não é o caso!

* A problemática vem se baseando não no mau desempenho do jogador, mas na ideia feita de que ele "já não é mais o mesmo".

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